domingo, abril 15, 2007

Eles querem nossos filhos

Antes de qualquer coisa, peço ao leitor que leia esta seqüência de verbos:

"acordou, barbeou-se... beijou, saiu, entrou... despachou... vendeu, ganhou, lucrou, lesou, explorou, burlou... convocou, elogiou, bolinou, estimulou, beijou, convidou... despiu-se... deitou-se, mexeu, gemeu, fungou, babou, antecipou, frustrou... saiu... chegou, beijou, negou, etc, etc".

Enquanto lê, certamente imaginou um personagem para a cena. Agora tente defini-lo. Segundo o livro didático de redação - usado por uma estudante de 14 anos em escola particular - do qual este trecho foi extraído, é a maneira de “como se conjuga um empresário”.

Se você ficou pasmo(a) como eu, então continue a leitura. Caso contrário, melhor mudar de página porque, certamente, não gostará do que vou descrever abaixo.

Crente de que se tratava apenas de um engano, a mãe desta estudante pegou outras apostilas. Infelizmente ela encontrou mais. Na apostila de História, destacam-se os trechos:

"O progresso técnico aplicado à agricultura (...) levou o homem a estabelecer seu domínio sobre a produção agrícola em detrimento da mulher".

".....a propriedade privada deu origem às desigualdades sociais - daí as classes sociais - e a um poder teoricamente colocado acima delas, como árbitro dos antagonismos e contradições, mas que, no final de tudo, é o legitimador e sustentáculo disso: o Estado".

O conteúdo, não só de mau gosto como também altamente tendencioso, levou a mãe - que também é jornalista - a retirar a filha da escola e denunciar a instituição em um artigo. A briga foi parar na justiça e, até o momento, apenas a mãe teve que cumprir uma ordem judicial: retirar o nome da escola do artigo. A jornalista e dois editores onde o artigo foi publicado respondem processo na justiça.

Esta é a educação que estão oferecendo aos nossos filhos. Muitas escolas (públicas e particulares) estão usando métodos da antiga cartilha comunista de “como recrutar jovens da maneira mais fácil possível”.

Encontrei, na internet, várias denúncias desta prática vindas de pais e até professores. Profissionais que se sentem atropelados pelos canhões silenciosos da doutrinação dentro de sala de aula, como relata este professor de Filosofia:

... “não suporto mais o clima sufocante que o ativismo esquerdista fez pairar sobre nossas instituições de ensino”
... “Espero de coração que muita gente, para o bem de seus filhos e do Brasil, entre nessa cruzada contra a barbárie e em defesa do verdadeiro ensino E acho que a coisa tem de começar já nas escolas primárias e secundárias, onde a atuação dos doutrinadores esmaga e transforma num mingau indigesto o cérebro de nossos jovens, porque nas universidades o "Leviatã" já se apossou de suas almas e afirma, de púlpito, que o inferno é aqui.”

Em outro caso, uma escola em Bagé (RS) – também particular – estaria usando um livro “didático” para a 5ª série (isso mesmo, 5ª série!!!!) de “Geografia”, em que os alunos são bombardeados com ensinamentos do tipo:

... “propriedades grandes são de ‘alguns’ e que assentamentos e pequenas propriedades familiares ‘são de todos’. Aprendem que ‘trabalhar livre, sem patrão’ é ‘benefício de toda a comunidade’. Aprendem que assentamentos são ‘uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais’”

Para completar, diz o artigo “A Revolução Silenciosa”, os jovens são obrigados a ler um texto do líder do MST, João Stédile!!!!!

É cruel demais ver nossos jovens, que já passam por tantas provações que a fase lhes incide, serem doutrinados desta maneira, à luz do dia, silenciosamente e debaixo dos nossos olhos! Façamos as contas. Lula está no governo há 5 anos. Quando ele entrou, uma criança de 11 anos, sendo “educada” desta maneira, hoje, aos 16, estaria apta a votar. Preciso falar mais alguma coisa?

Todos sabem que as escolas sempre serviram de palanque. A diferença, hoje, somos nós (pais) e o acesso à informação. Ter uma conversa franca com os filhos e procurar mostrar-lhes todos os lados da História - hoje em dia - está sendo fundamental para garantir a saúde mental dos nossos jovens!

Mas não acabou, companheiros!

Só para lembrar, em fevereiro, a revista Veja publicou uma entrevista com o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Roberto Abdenur, em que ele denuncia uma doutrinação idelológica dentro do Itamaraty.

“Está havendo uma doutrinação. Diplomatas de categoria, não apenas jovens, são forçados a fazer certas leituras quando entram ou saem de Brasília. Livros que têm viés dessa postura ideológica. É uma coisa vexatória. O Itamaraty não é lugar para bedel.”

"Um processo de doutrinação assim no Itamaraty não aconteceu nem na ditadura".


Pode ser pior? Pode. Recebi, recentemente, um email com uma questão formulada em uma prova da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A questão apresentava um conceito tão ideológico que achei que fosse piada. Não era. Assim como também não era ela a única questão a me chocar. Só para se ter uma idéia, vou deixar aqui um gostinho:

22. Aponte os exemplos de homens éticos com visão filosófica engajada (para além da hipocrisia):
A) Bush, Olavo de Carvalho, Editora Abril, Inocêncio de Oliveira e Roberto Marinho.
B) Dalai Lama, Gandhi, Marina da Silva, Frei Beto e Dom Helder.
C) FHC, Marco Maciel, ACM, Ratinho e Reginaldo Rossi.
D) Leonardo Boff, Irmã Dulce, Ariano Suassuna, Betinho e Zilda Arns.
E) Dalai Lama, Gandhi, ACM, Frei Beto e Leonardo Boff


Agora, imagine, caro leitor, como será a tal TV Pública... aliás, com um governo munido de tantos instrumentos de doutrinação assim, pra quê TV Pública, não é mesmo? Talvez para garantir os 10 milhões de empregos que Lula tanto disse que criaria no primeiro mandato. Até dezembro do ano passado, o IBGE apontou pouco mais de 2 milhões de novos empregos em 4 anos de governo.

***As denúncias foram retiradas do site “Escola sem Partido”, criado em 2004 para denunciar práticas de doutrinação ideológica dentro das escolas:

Luta sem Classe (Míriam Macedo)
A Revolução Silenciosa (Diego Casagrande)
Denúncia de doutrinação ideológica no Itamaraty
Uma prova da Universidade Federal de Pernambuco e a revolução cultural do ministro Haddad

quinta-feira, abril 05, 2007

Ritos de passagem

Durante comemorações religiosas, sempre fico tentada a falar sobre elas mas tenho que explicar o primeiro ponto: não sou católica, judia, nem cristã. Por isso, para mim, a Páscoa (motivo deste texto) não tem significado algum. Como carne vermelha na sexta-feira santa, se tiver vontade. Não há pecado algum nisso! (pelo menos, para mim) Mas eu sei que a maioria não é como eu e respeito isso. Tento influenciar-me de todas estas comemorações para tirar algo de bom. Alguma lição além da religiosidade pura e simples. Embora, este ano, penso que a coincidência entre as páscoas judaica e cristã deva fazer o cosmo pirar!

Imagine o número de fiéis num único coro de fé! Embora não seja religiosa, sempre fico emocionada ao ver um fiel em devoção. As lágrimas, na maioria das vezes, são genuínas. Os olhos fechados em oração, fazem com que elas caiam sofridas de dor... e penso. Será mesmo que esta pessoa está pensando em Cristo na cruz ou deixando extravazar um problema particular qualquer? Seja como for, ver alguém chorar sempre me emociona...

Para que a Páscoa não passe em branco (ou em preto, porque chocolate é bom em qualquer cor), comparo estas comemorações com "os ritos de passagens". Afinal, morrer não é uma passagem? Ou, para os judeus, o êxodo do Egito não foi uma passagem? E vejo que, coincidentemente, estou eu - particularmente - também num período de grande passagem, que não preciso aqui explicar. Mas, finalmente, encontrei um significado para, neste ano, refletir dentro de um espírito de co-existência com o resto do mundo. Sim, porque na maioria das vezes sinto-me totalmente na contra-mão dele (embora a minha "passagem" esteja - de novo - contrária ao que todos têm procurado para si).

Sendo assim, caro leitor, convido-o a manter suas tradições, se assim o preferir, mas não deixe de, nesta Páscoa, pensar nas passagens que a vida lhe proporcionou (e ainda proporcionará).

Do nascimento à morte, é uma passagem atrás da outra. Nascer já é uma passagem... por um canal estreito ou pelo ventre mesmo. Passamos da infância para a adolescência, outro momento difícil, cheio dúvidas e medos. Tornar-se adulto é tarefa ainda pior. Deixar para trás a alegria da adolescência e encarar a vida como ela é. Tornar-se idoso, ainda mais neste país, é outro desafio ainda mais cruel. Mas no final de cada passagem, o alívio e a confiança de que, se "passei por isso, nada mais me segura".

No trabalho, não faltam passagens. De um cargo para o outro, de um departamento para o outro, de um chefe para outro. Nos relacionamentos, idem. O que estas passagens têm em comum? O final de um ciclo, início de outro e sem retorno. Sem olhar no retrovisor, lamentar-se ou arrepender-se. ((Lembrei-me agora de minha professora de teatro, Nicionely de Carvalho. Uma de suas personagens dizia "é passado, ido, fosto!" .... fosto é ótimo! Mas é assim que tem que ser.)) Refletir sobre as passagens não é lamentar-se mas sempre se projetar para um futuro melhor.

E esta é a minha mensagem de Passagem-Páscoa para você. Enfrente-as sempre como um degrau a mais para atingir o seu objetivo. Que este degrau não resulte no sofrimento de ninguém ou, se for (mesmo que não seja intencional), que este outro encare também como uma passagem para o melhor.

Que a sua felicidade seja contagiante, que a sua vida seja cheia de fins e recomeços, porque triste mesmo é ficar parado vendo a vida passar!